terça-feira, 14 de abril de 2009

ECOLOGIA E POESIA

Lembrei-me hoje de uma jornada de«caça»ás raposas na serra.


Os caçadores, batedores juntavam-se pela manhã junto ao café da aldeia de volta de uma fogueira de lenha de azinho, matando o bicho com aguardente caseira acompanhada com bolos de massa finta.

Lembro-me de alguns amigos quase todos, alguns que já partiram como o Zé Braz o Zé Gato o ti Macio o Ti Profirio Galego o João Perdigão o Pinaça e tantos outros, bons tempos...

Feito o sorteio todos seguiam para os seus postos e a caçada decorria normalmente.

Mas não é dos resultados da caça que vos quero falar mas do resultado final de um almoço farto, no campo, em plena serra, junto a um riacho que percorria a encosta no seu curso cheio de normalidade...

E eis que uma voz chamou a atenção de todos, que queria fazer uma poesia, fez-se silencio...

e disse assim:

AGUA PURA LÁ DA SERRA
PELOS RIBEIROS A CORRER
DEIXE OS PEIXINHOS VIVER
E A NINGUEM SE FAÇA GUERRA
HAJA PAZ EM TODA ATERRA
JÁ QUE AGUERRA NOS CONSOME
E AQUELE QUE JÁ NÃO COME
PORQUE JÁ NÃO TEM VONTADE
PARA HAVER HUMANIDADE
DEVE SER DADO A QUEM TEM FOME

Era o Miguel dos Godinhos, homem simples do povo, que aprendeu algumas letras com o pai, que nunca foi á escola e já estava com uns copitos...

faria se não estivesse.

Gostava só que voltassem a ler a poesia e que reflitam quantos "POETAS" e "ECOLOGISTAS" gostariam de escrever e ser como o Miguel dos Godinhos?

Esta, caros visitantes é uma passagem no campo, que queria partilhar convosco, pois penso que é uma das coisas mais intensa e bonita que ouvi a um "poeta popular" homem simples iletrado, mas de grande humanismo.

Outras virão, estejam atentos.






1 comentário:

  1. ha realmente grandes homens...
    como o simples parece que se transforma no belo.

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