domingo, 10 de janeiro de 2010

CANTAR OS REIS


Era quase meia noite, quando um grupo de gaiatos, rapazes e raparigas e homens e mulheres se aproximaram da minha porta, e só um bateu e disse: "Oh Patrão pode-se cantar os reis ou não?...Pode ou não?...".Assim se dá continuação ao cantar dos reis.

Não confundo dar continuação, com retomar a tradição, pois hoje nada é como dantes!...

Os tempos são diferentes, os objectivos do cante outros, a forma de receber outra, os donativos diferentes, portanto posso dizer que a tradição já não é o que era.


Longe vão os tempos em que os pequenos grupos cantavam á porta das familias mais abastadas, por necessidade, na procura de uma esmola avultada, percorrendo os caminhos lamacentos de monte em monte toda a noite."Dizem os mais velhos que a esmola maior era a do Monte do Paço, e que quando o grupo era maior se dividiam em dois, para obter melhores resultados"

Carne nova de porco "chouriço, farinheiras e cacholeiras" frutas e frutos secos, pão, vinho e aguardente eram as esmolas de que ainda tenho memoria, e claro um bagacito á porta.


Hoje como disse atraz, tudo é diferente. As pessoas recebem os cantadores em casa com a mesa posta e já é quase um concurso da melhor mesa da noite, e as esmolas salvo raras excepções, foram transformadas em dinheiro.


Da tradição digo que ficou a letra e a forma de cantar, tudo o resto se tranformou, porque o Mundo e as pessoas se transformaram. Contudo tendo uma visão critica do assunto, não posso deixar de apoiar este grupo, e de continuar a ser um entusiasta cantador de reis (este ano não por questões de saude) pela minha aldeia, e de pensar que é necessário ir integrando os mais novos todos os anos.




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